No início do relacionamento a dois, quando tudo é lindo, não significa que a comunicação é eficiente. Muitas vezes, ela já é cheia de falhas, no entanto a empolgação da descoberta e da satisfação de gostar e ser gostado encobrem as lacunas da comunicação.
Com o passar do tempo e a própria evolução do casal, aqueles aspectos que disfarçavam as dificuldades agora já não as encobrem mais. Se no começo os dois sentiam que dançavam em sintonia perfeita, agora parece que cada um ouve uma música diferente. Certamente, a dança sairá prejudicada. Neste momento, que varia muito de casal para casal, é comum surgirem grandes discussões, insatisfação, confusão, vontade de buscar uma saída rumo ao fim ou dos desentendimentos ou da própria relação.
A psicoterapia de casais não é a unidade de tratamento intensivo dos casamentos, embora frequentemente seja a última tentativa juntos antes de embarcarem numa separação sem mágoas ou com o menor dano emocional possível para todos os envolvidos.
Nesta abordagem psicoterapêutica, o casal vai evidenciar muitos conteúdos que não estão conscientes, mas que dificultam o processo de compartilhar a vida, as emoções e os encargos da vida adulta. Não raro, a reciprocidade fica prejudicada, fazendo brotar as mágoas e ressentimentos e mais ainda dificultam a comunicação. A ajuda especializada contribui para a percepção dos níveis de entendimento e desentendimento, favorecendo a compreensão e a descoberta de novas iniciativas mais claras ao mesmo tempo sem perder a autenticidade de cada um.
As pessoas vão começando a enxergar novamente o outro e não apenas as projeções do marido ideal ou esposa ideal, que tanto dificultam o fluir dos afetos. Não se trata de “lavar a roupa suja” na frente de um estranho, como alguns temem. E, sim, a possibilidade de reencontrar o parceiro ou parceira sem cobranças e tentar compreendê-lo verdadeiramente enquanto percebe e compreende a si mesmo. É comum que o processo fortaleça os sentimentos, a autoestima, o vínculo afetivo e a capacidade de se comunicar com o mundo, não apenas com o parceiro. Basta, para isso, ter a coragem de se aventurar num processo de autodescoberta e descoberta do outro. Tal processo impõe somente uma coisa: despir-se da necessidade de ter razão sempre.
A psicoterapia de casal é um desafio para quem não quer vencer, e sim ser mais feliz. Talvez não se consiga a mágica de voltar a ouvir simultaneamente a mesma melodia, mas certamente é possível que cada um cante a sua para que o parceiro possa ouvi-la.
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