Por Ridgway Ávila Veiga
Sinto saudade daqueles tempos que dividia os espaços com a velha guarda e a juventude. As folhas da porta representavam os braços abertos à espera dos amigos. No cair da noite os degraus ritmava teus paços na ânsia de encontrar um ombro amigo.
Cada um carregava na face uma expressão de alegria ou de tristeza quando pisava na entrada da recepção, alguns deixavam do lado de fora da porta as tristezas e outros as deixavam quando saiam. Ao redor de uma mesa de bilhar esqueciam que a vida lá fora seguia o seu rumo.
Perder ou ganha faz parte do jogo. Na mesa redonda as cartas circulam pelas mentes a espera de um deslize de uma mente insegura. Sorte ou azar. A pergunta: quem é o vencedor?
Debruçado sobre o balcão, as garrafas vão se esvaziando como o liquido fosse alimentação, corpos moribundos. Momentos de relaxamento ou mágoas profundas que se afogam na ilusão.
Sorrisos que escapam como fossem libertados de uma prisão. São amigos de verdade ou uma convivência de irmãos.
Naquele pé direito alto onde as vozes se espalham e se misturam numa viagem sem futuro. Só as paredes são testemunhas de umas décadas de união e sucesso de várias gerações.
Alguns corpos já cansados pelo peso da idade nunca deixaram de prestigiar, com os olhos lagrimejados, apreciavam, talvez, com saudade dos tempos que o salão ficava pequeno para dançar. Nos bailes de carnaval transbordava alegria como fosse um único coração a pulsar.
Nas noites de gala, as mais belas mulheres mexiam com a imaginação de certos pares. Tecidos se curvaram sobre linhas perfeitas de corpos que por ali desfilaram. Os mais caros perfumes importados se misturavam deixando até o maior especialista sem saber quem o usava. Se o poeta não registrou aqueles momentos inesquecíveis é, porque deveria estar embriagado pelo olhar.
Rainhas banharam de charme olhos que se derreteram de paixão.
A saudade está enraizada em cada pedacinho dessa instituição que através de pessoas que deram a sua alma para manter aqueles grandes eventos que proporcionaram a felicidade e a união de um povo carente de diversão.
O Clube comercial foi o lugar onde por muito tempo concentrou o maior números de pessoas em Pinheiro Machado.
Não vou te contar porque vais duvidar das minhas memorias. Em cada canto ficou registrado cada palavra de amor que foi pronunciada, olhares proibidos e muitas vezes envergonhados, juras de amor que não foram cumpridas, palavrões que nem foram computados, beijos ardentes e outros estalados, risadas sem motivo e outras resguardas e aqui ocorreu de tudo até amores que vivem do meu passado.
Quando me olhares de frente, pode ter certeza que vai lembrar do teu passado.
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