São poucos que mantêm essa tradição, mas ainda existem pessoas que permanecem fabricando sabão artesanalmente. A prática sempre foi utilizada principalmente no interior, onde se faz o material com banha e soda cáustica.
E assim, resgatando essa prática, surgiu o projeto Xô Corona, que distribui sabão e desinfetante fabricados artesanalmente para combater o coronavírus.
O projeto foi idealizado por Maria Cristina da Silva Gonzales.
Assim que começou a pandemia de coronavírus, ainda em março, Maria Cristina foi afastada durante 14 dias da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), devido a uma crise de rinite. Em casa, sem poder trabalhar, a técnica em química procurou algo para fazer.
“Eu sou uma pessoa um pouco hiperativa, eu não consigo ficar parada. Eu queria alguma coisa para ocupar o meu tempo e ajudar”, comenta.
Ela entrou em contato com uma amiga ,em Mato Grosso, que mantém um projeto de fabricação de sabão a partir do óleo de cozinha inutilizado.
“Eu queria fazer duas coisas: ajudar no combate à pandemia e queria auxiliar fazendo uma reciclagem ecologicamente correta do óleo. Então, uni as duas coisas”, explica.
Assim surgiu o projeto Xô Corona, que une o combate à pandemia com a reciclagem de óleo. Para se ter uma ideia, um litro de óleo reciclado pode render cerca de 10 barras de sabão. A mesma quantidade de óleo, se for descartada incorretamente, pode contaminar um milhão de litros de água. O projeto depende de doações para ser realizado.
Maria Cristina recebe doações de óleo saturado, soda cáustica 99% em escamas, filme para embalar, caixas de leite (que servem de molde para o sabão) e garrafas pet (que servem para acondicionar o desinfetante).
Com o material em mãos, começa a produção. É a própria Maria Cristina que produz o material. Em casa, ela conta com a ajuda do filho André Luiz, de 14 anos.
Todo o material produzido, tanto sabão quanto desinfetante, são doados para ajudar no combate ao coronavírus.
Maria Cristina já fez distribuição em Candiota, Hulha Negra, Dom Pedrito, Aceguá e Bagé. Normalmente o material é distribuído nas unidades de saúde e aos líderes comunitários de cada região.
A população deve procurar esses pontos parceiros do projeto para pegar sabão ou desinfetante.
“Costumo distribuir também para quem me pede, é só entrar em contato”, informa.
A idealizadora do projeto também se dispõe a ministrar oficinas, gratuitamente, com turmas de no máximo 10 pessoas, onde cada um deve levar o material a ser utilizado (óleo, soda, dois baldes, um cabo de vassoura e caixas de leite). As oficinas já foram realizadas em Pinheiro Machado.
Para inovar, Maria Cristina usa de seus conhecimentos como técnica em química para variar os tipos de produtos produzidos. A clorofina é usada para retirar o cheiro do óleo.
“Se o óleo foi usado em fritura de peixe, eu coloco (clorofina) para não ficar o cheiro forte no sabão”, exemplifica.
Também é utilizada a babosa, erva-doce e outros chás. Do final de março, quando iniciou o projeto, até agora, ela já produziu aproximadamente 7 mil sabões, com uma média de 500 por semana.
Quem quiser contribuir com o projeto, principalmente dando um destino ecologicamente correto para o óleo saturado, pode entrar em contato com Maria Cristina, através do número (53) 9 9968 8002. O projeto também possui uma página no Facebook, intitulada Xô Corona.
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