Crônicas do Ridgway - Bar do Delmar - DiCacimbinhas

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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Crônicas do Ridgway - Bar do Delmar


Por Ridgway Ávila Veiga 

Cravado na esquina entre as Ruas Dutra de Andrade e Florentino Bueno, quatro paredes vasadas por portas e janelas desfrutava da vontade de potência dos homens. Um balcão de madeira separa as mãos que servem das que recebem à aguardente. 

Uma prateleira debruçada na parede contempla os olhares dos gananciosos pela cachaça. Algumas mesas espalhadas pelo chão desgastado pelo vai e vem dos pés são companheira das velhas cadeiras, de cedro, que as cercam. 

No tampo de uma delas, um tabuleiro de madeira desafia o cérebro dos amantes pela dama. Entre um gole e outro, as pedras desbancam as estratégias do perdedor. No balcão a proza corre solta, sem rumo e sem direção com um único intuito de ficar longe da solidão. 

Histórias verdadeiras e outras puras imaginações corem pelos ares sem sigilo e nem gravação. Tudo corria na confiança do cidadão. 

Por detrás do balcão um carismático e sorridente personagem harmonizava os barulhentos contaminados pela alegria. Na outra sala uma mesa de sinuca desafiava a perícia dos jogadores. Bolas passeavam pelo pano verde à procura de uma caçapa, mas nem sempre tinham o destino certo. A tabela as vezes se tornava o “calcanhar de Aquiles” dos inocentes jogadores. As bolas sofriam com a falta de perícia e o pano era manchado de branco pelo desvio de conduta do taco. Ganhar ou perder faz parte dos jogos, mas no Bar do Delmar, o perder era sempre uma vitória. 

O recinto era o ponto de encontro onde renovávamos a amizade todos os dias. Doar um pouco do seu tempo em prol da amizade é uma satisfação que não tem preço. Ali vivemos momentos de alegria que estão vivas em nossas memórias. A amizade é o alicerce para nos manter no topo da felicidade.

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