O projeto Mapeamento Arqueológico e Cultural dos Objetos, Lugares, Manifestações e Pessoas de Referência às Sociedades Tradicionais Indígenas e Afro-Brasileiras na Região Sul do Rio Grande do Sul será desenvolvido em Bagé e região. A licença foi expedida pelo Centro Nacional de Arqueologia do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O trabalho é coordenado pelo arqueólogo Cláudio Baptista Carle.
Além de Bagé, a pesquisa será desenvolvida em Pelotas, São Lourenço do Sul, Turuçu, Arroio do Padre, Canguçu, Morro Redondo, Piratini, Pinheiro Machado, Herval, Arroio Grande, Cerrito, Pedro Osório, São José do Norte, Pedras Altas, Candiota e Hulha Negra e terá a validade de 24 meses.
Segundo o pesquisador e arqueólogo responsável, o mapeamento pretende identificar com clareza os lugares com descrição etnográfica, privilegiando os elementos considerados relevantes pelos próprios agentes das comunidades pesquisadas. Ele argumenta que a finalidade é que os agentes possam manusear equipamentos, que permitam tomadas de pontos e coordenadas geográficas, capazes de delimitar áreas e situações de uso dos recursos naturais que referem-se às formas de uso definidas pelas próprias comunidades tradicionais ou àquelas em torno das quais elas se mostram favoráveis.
O arqueólogo explica que o projeto será integrado ao estudo já em andamento na região, referente ao Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) Lidas Campeiras, desenvolvido por outros antropólogos. “Bagé não estava no projeto original, que é este em renovação. A região entrou tendo em vista essa interação com o INRC e pelo nosso interesse em atuar junto aos quilombos da região, no sentido da interação com a formação da fronteira e relação com a territorialidade missioneira”, disse.
O pesquisador informa que a presença do Forte Santa Tecla é um marco na ocupação da fronteira. Segundo Carle, a rota antiga dos Tape (Peabiru), a Serra dos Tape antiga é nos Cerros que formam o Forte e vão subindo até Cruz Alta, a disputa entre coroas, os conflitos entre grupos nativos pré-conquista, as rotas de tropas e os quilombos pós-conquista, os movimentos que criaram o antigo gaúcho (mestiço indígena e negro com vida errante entre estâncias). “A ideia é consolidar o entendimento sobre o mosaico nos vários contextos síncronos (os períodos de formação da fronteira, desde os 12.000 anos de ocupação da região, numa relação entre diversos grupos diferentes).
De acordo com o arqueólogo, a fronteira que se estende na região entre Bagé a Pelotas é estudo de muitos anos, mas que depende de levantamento dos tipos de ocupação espacial, identificando as formas de ocupação e os grupos humanos. “De uma forma breve, é isso que pretendemos fazer”, resume.
O pesquisador salienta que o trabalho já iniciou de forma remota e, devido à pandemia, estão sendo evitadas qualquer idas a campo. Mas, segundo ele, os mapas, as imagens aéreas, os estudos documentais já estão sendo realizados. O coordenador ainda enfatiza que, com a liberação do IPHAN, já retomou contato com outros professores arqueólogos para remontar as equipes. “Esperaremos o fim da pandemia para ações locais, iniciando por Santa Tecla e o caminho do Tape”, frisa.
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