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segunda-feira, 1 de maio de 2023

Fazendo parte da história de Pinheiro Machado, 28ª edição do Comparsa da Canção Nativa pode acontecer ainda neste ano


A Comparsa da Canção Nativa é um festival nativista que nasceu em 1985 no Parque Charrua, em Pinheiro Machado. A primeira edição do evento musical aconteceu na noite do dia 3 de fevereiro junto a Feovelha, promovida pelo Sindicato Rural, e tinha por objetivo valorizar os costumes e resgatar as tradições do Rio Grande do Sul através da música. Além de preservar a cultura gaúcha o palco da Comparsa também objetiva incentivar e despertar novos talentos da música nativista.

Consagrada como um dos maiores festivais da música nativista gaúcha, a Comparsa da Canção teve a sua 27ª edição realizada em 2014. De lá para cá, o evento foi interrompido. Em 2020, o deputado estadual e cantor Luiz Marenco (PDT) junto ao deputado federal Giovani Cherini (PL), destinou emenda parlamentar para o retorno do festival. Mesmo com a verba liberada o evento não aconteceu em virtude da pandemia. Segundo informações preliminares, o festival nativista deve retornar ainda este ano, fora da época habitual. Em uma reunião em fevereiro, entre representantes do Executivo, Legislativo e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), foi confirmado patrocínio da instituição para o evento.

Na primeira edição, os cantores e músicos se apresentavam num galpão de madeira costaneira coberto de capim santa-fé. A maioria do público ia a cavalo até o local e assistia as apresentações ao ar livre. O musical primou por composições que retratassem a lida campeira, cultuando a essência e valores gaúchos. Foi constituída por duas linhas: a Linha da Ovelha, em que as composições falavam obrigatoriamente do universo da ovinocultura, e outra mais abrangente.

A vencedora da primeira Comparsa na Linha da Ovelha foi a composição “Tosquia”, de autoria de Dorval Dias e Osmar Carvalho e na linha geral, a composição “Campeador de estrelas” com letra e música de Norma Coronel Trindade, interpretada pelo Pinheirense, médico e cantor Cláudio José Goulart.

A primeira edição do festival foi realizada com sonorização não profissional e mesmo assim mostrou a força e a grandeza do evento, tanto que, a segunda edição já foi considerada profissional e surgiu a ideia de gravar o LP (long play, em inglês), disco de vinil. A partir daí a Prefeitura Municipal passou a ser parceira do Sindicato Rural na realização do musical.

Vários artistas hoje consagrados fizeram sua estreia na primeira edição da Comparsa, como é o caso do cantor Joca Martins. Ele descreve a Comparsa como um festival fundamental pra sua história e trajetória musical. “Participei da primeira edição da Comparsa com o grupo Comparsa Cancioneira, tive a felicidade de ser premiado com o 2º lugar com a canção Pajador Solito, tocava bombo legüero no grupo”, recorda.

“Foi também a Comparsa que me concedeu o 1º lugar na minha história como cantor no ano de 1994. Venci com a canção Estampa, letra de Anomar Danúbio Vieira e música de Zulmar Benitez, a partir daí foram impulsionadas importantes músicas, como exemplo, ‘Estância velha sou’, vencedora de outra edição”, ressaltou o cantor.

Sobre a importância do festival Joca destaca que é um festival que fez parte de muitos verões da sua história. “Não existiria Joca Martins sem a Comparsa, sou eternamente grato a Pinheiro Machado, ao festival e ao Sindicato Rural que sempre nos proporcionou toda essa hospitalidade para receber os músicos, principalmente os iniciantes como era o meu caso em 1985. Tenho uma história muito importante ligada a Pinheiro Machado, a Comparsa e a Feovelha”, pontua.

Para o vereador e presidente do Legislativo, Cássio Câmara (Progressistas), a Comparsa é um evento que levou o nome de Pinheiro Machado para outros locais. “Um festival como a Comparsa atravessou as fronteiras, não podemos deixar de reconhecer a grandeza do evento e a importância dele no meio artístico regionalista. Grandes nomes da música nativista ganharam visibilidade no palco da Comparsa. O retorno do festival é um anseio da comunidade e a sua importância é imensurável”, enfatizou.

O cantor e compositor Robledo Martins cita a Comparsa como um dos primeiros festivais que participou no início da carreira musical e lembra o carinho especial que nutre pelo evento. “Na quarta edição do festival, cantei a música Guaxos, do poeta pinheirense Delci Oliveira e do pelotense Fernando Mendes, onde consagramos o segundo lugar e melhor tema sobre a ovelha”, celebra.

A história do cantor está entrelaçada com a Comparsa devido às conquistas que o impulsionaram e marcaram a carreira do artista. “Alguns anos depois, na sexta edição, tivemos a grande alegria de ganharmos o festival com a composição Cacimbas, da querida Norma Coronel e Nikão Duarte. Foi um momento indescritível! Tanto que, na edição comemorativa aos 25 anos do evento, foram apresentadas todas as vencedoras e, quando apresentamos na primeira noite, a comunidade pediu que apresentássemos novamente na noite seguinte! Isso demonstra o carinho enorme que a Norma recebe da cidade através desta canção que, de certa forma, virou um segundo hino da cidade”, declarou Robledo.

Sobre a quarta edição do festival, Robledo faz um relato sobre um acontecido atípico e salienta a falta que sente da Comparsa. “O Delci, (empresário no ramo de tecidos na época) de tão feliz com a premiação na quarta edição, com a Guaxos, presenteou a cada um de nós que subimos ao palco com um corte de tecido para bombacha. Guardo com muito carinho na minha memória. Hoje, sinto falta deste festival tão autêntico, de uma atmosfera tão forte ao que se refere aos nossos costumes, nossa tradição. Quem sabe um dia, a nossa Comparsa da Canção retorne, para termos momentos tão lindos da nossa cultura musical, como sempre foi a Comparsa!”, deseja.

A compositora e musicista Norma Coronel participou da Comparsa já na primeira edição contribuindo com letras e músicas. Conquistou o prêmio de 1º lugar por quatro vezes na história da Comparsa. Sobre o retorno do festival ela ressalta a necessidade do evento acontecer anualmente para manter a cultura e dar espaço a novos talentos. “Considero a Comparsa um dos eventos mais importantes da região. O retorno do festival é uma necessidade urgente, espero que as autoridades pinheirenses consigam trazer de volta a nossa Comparsa, a qual não devemos nunca perdê-la”, afirma.

Poesia de Zair Machado

Os versos da poesia de Zair Machado Lopes publicados em 1990, ano que a Comparsa não foi realizada, ainda hoje são atuais e expressam a realidade. A poesia na íntegra pode ser conferida no livro Memórias da Comparsa da Canção de autoria de Sandra Peraça, lançado em 2012, em homenagem aos 25 anos do festival. Sandra foi integrante da Comissão Organizadora da Comparsa da 1ª a 10ª edição e atuou na organização da 25ª edição.

Confira:

“Peço eu e a população
Não deixem que aconteça
Ficarmos por mais um ano
Com a dúvida na cabeça

A quem couber a decisão
Pense com todo o carinho

Veja o que o povo perdeu
Que Deus lhe ilumine o caminho

Nos traga de volta a Comparsa
Não nos deixe com saudades
De um tempo tão gostoso
Que traz vida a cidade”

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