Por Ridgway Ávila Veiga
Estava comentando com amigos que estavam na fila do banco esperando para serem atendidos, que um amigo tinha me ligado para me felicitar pela entrada do ano novo. Quando ele começa a falar no telefone não para mais. Já fazia quase uma hora que estava no celular.
O meu ouvido já estava doendo, porque o aparelho começou a esquentar e acaba aquecendo a orelha. Às dez horas da noite, tinha que buscar minha esposa na casa da mãe dela, mas o meu amigo continuava explicando suas histórias.
Resolvi dar um fim naquela tortura. Comentei com ele que iria pegar a minha mulher e tinha que desligar porque não é permitido dirigir com o telefone no ouvido. Enquanto isto, me aproximei do oratório, lugar onde deixo os objetos que uso no dia a dia, para pegar a carteira com os documentos do carro, a chave e o celular.
Para não esquecer normalmente deixo todos juntos, mas para a minha tristeza o celular não estava no lugar de sempre. Dirigi o meu olhar em direção a mesa, mas também não estava lá. Fui ao quarto dos filhos, poderia ter deixado em cima da mesa do escritório, para minha surpresa nem sinal do celular. Enquanto meu amigo continuava falando eu fui o meu quarto, às vezes deixo em cima do criado mudo, mas também não o encontrei. Continuei procurando por toda a casa, mas nada de aparecer o celular.
Um pensamento me veio à cabeça, vou parar e retroceder no tempo, quem sabe assim vou lembrar onde o coloquei. Quando relaxei percebi que estava com o aparelho na orelha ouvindo o meu amigo tagarelar. Após despachar o meu amigo, fiquei pensando; será que a velhice nos deixa desatento ou desligado. Quando estava acabando de contar a minha história, percebi que a menina que estava no caixa do banco estava com o headset na cabeça.
Para tirar uma dúvida que estava martelando no meu cérebro, perguntei. Por que ela estava com o fone de ouvido na cabeça? Ela me respondeu que muitas vezes esquece que está com o headset na cabeça e sai com ele. Fiquei pensando com meus botões: a jovem menina deve ter nada mais que 23 anos e esqueceu-se do headset na cabeça.
Cheguei a uma conclusão que não é porque estou chegando à terceira idade que me esqueço das coisas e sim que a correria do dia a dia está me levando a ficar um pouco perturbado. Um amigo também comentou que, às vezes, esquece onde deixou o carro no estacionamento.
Outro amigo comentou que com ele também acontecem coisas esquisitas. Uma vez esqueceu que tinha vindo de carro para o trabalho e voltou de ônibus para casa. Teve que voltar na empresa para buscar o carro. Tenho visto e lido nos jornais que pais esquecem os filhos dentro dos carros, parece um absurdo, mas esta é nossa triste realidade. Não vai demorar muito para nós esquecermos que estamos vivos.
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