Ao comemorar, ontem, 10 anos desde que iniciou como proposta alternativa de desenvolvimento, a iniciativa em prol do território do Alto Camaquã reuniu lideranças e representações dos oito municípios que o integram. Na ocasião, o salão nobre da Prefeitura de Bagé foi sede de debates e palestras que ressaltaram a trajetória de ações realizadas ao longo dessa década, bem como delinearam os novos desafios e metas para o território.
O vice-presidente da Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã (Adac), Mateus Oliveira Garcia, recorda que houve muitas conquistas ao longo desses 10 anos, desde a primeira reunião, em 8 de agosto de 2008, em Santana da Boa Vista.
Ele ressalta que, na época, iniciou-se a discussão do projeto de territorialização do Alto Camaquã, divulgando a iniciativa para produtores familiares. "No ano seguinte, já conseguimos criar a Adac; ampliamos os municípios de seis para oito que estão no território, com o ingresso de Canguçu e Encruzilhada do Sul (somando-se a Bagé, Caçapava do Sul, Santana da Boa Vista, Lavras do Sul, Piratini, Pinheiro Machado). Ocorreu, assim, a efetiva transferência de tecnologia do projeto idealizado pelo Marcos Borba, da Embrapa, agregando produtores e lideranças dos municípios, o que, posteriormente, resultou na criação de uma cooperativa para ser o braço comercial da Adac. Isso para que chegássemos aos mercados consumidores com nossos produtos e que fôssemos reconhecidos como Arranjo Produtivo Local pelo governo do Estado e ministérios. Enfim, foram inúmeras as conquistas de valorização do que é produzido, de forma diferenciada, no território", declara Garcia.
Para ele, agora, o momento é de retornar às discussões que vão do "pasto ao mercado", como reforça sobre o evento comemorativo do fórum.
"Por isso, atividades como a de hoje (ontem) são importantes para que possamos avaliar o que já foi conquistado e destacar o que queremos para o futuro dessa iniciativa a fim de que ela possa prosseguir para muitos anos", enfatiza.
Reconhecimento
Um dos principais idealizadores da ação, o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Borba apresentou um apanhado dos 10 anos de trabalhos que resultaram na formação de uma rede de atores sociais, envolvendo pesquisadores, produtores, representantes do poder público e universidades que, juntos, desenvolveram ações para a promoção de um desenvolvimento territorial endógeno.
"Foi trabalhada, durante esse tempo, uma forma de que, em especial os pecuaristas familiares, pudessem se reconhecer como diferenciados em sua relação com o meio em que vivem, visto que, se essa região foi tradicionalmente tida como 'marginal', pela falta de conhecimentos científicos convencionais, pouco uso de insumos químicos e baixa mecanização; em contrapartida, eles conservaram a paisagem, a fauna, a flora e a cultura, desenvolvendo uma pecuária de qualidade sobre campo nativo", comenta o pesquisador que reitera que, agora, inicia-se um segundo ciclo para o território do Alto Camaquã, baseado em uma espiral ascendente, chegando a níveis mais complexos, mas em torno dos mesmos aspectos que o baseiam: da produção do campo até o mercado consumidor.
Desafios
Entre os desafios, Borba indica: a estruturação da organização produtiva para ganhar com produtos em qualidade e oferta e o posicionamento e manutenção da marca Alto Camaquã no mercado consumidor. Além dos debates e discussões realizadas, o fórum do Alto Camaquã também contou com palestra sobre sistemas agroalimentares localizados e foi uma prévia para a nona edição da Expo-Alto Camaquã que acontecerá, neste ano, em Canguçu, nos dias 18 e 19 de agosto.
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