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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Grupo contesta modelo de mineração implantado no país

O tema da mineração voltou à tona no final de semana, com o rompimento da barragem de rejeitos da empresa Vale, no município mineiro de Brumadinho. Com o rompimento, um mar de lama tomou conta da área administrativa da mineradora, atingindo também a comunidade da Vila Ferteco, deixando um rastro de destruição ambiental em uma tragédia que já confirmou, até a manhã de ontem, mais de 30 mortos e 256 desaparecidos. O triste fato acontece pouco mais de três anos do rompimento da barragem de Mariana. 

Esses casos repercutem e geram novos questionamentos a projetos, como o do Caçapava do Sul. Desde que foi divulgada sua instalação, próximo ao rio Camaquã, a iniciativa da então Votorantim Metais e da Mineração Iamgold Brasil (hoje, Nexa Resources), que pretende lavrar e beneficiar materiais polimetálicos, como zinco, cobre e zinco, gerou protestos e posicionamentos contrários. A empresa refuta as alegações de ameaças ao meio ambiente que o empreendimento provocaria. 

Esses protestos são realizados desde 2016 por grupos da sociedade civil, entidades ambientais, lideranças do setor rural, autoridades políticas, instituições de pesquisa e educação, além de representantes do MP estadual e federal. 

Entre o grupo que protesta contra a instalação da mina, está o União pela Preservação do rio Camaquã. As representantes do grupo, Ângela Márcia Scholante Collares e Vera Colares, destacam que o recente rompimento da barragem, a morte de animais e a destruição da natureza no interior de Minas Gerais despertam muita tristeza. 

"Nos colocamos no lugar deles e o sofrimento é imenso ao pensar que, se não tivéssemos reagido desde o começo, poderíamos estar enterrando nossos familiares, perdendo toda nossa história e nossa vida", enfatiza Ângela Márcia. 

Vera critica o que chama de o "atual modelo minerário que privilegia os outros países, em detrimento da saúde e da vida dos brasileiros, que ficam apenas com as gravíssimas consequências dessa atividade, uma vez que é sabido que a tributação é pífia e a Cefem irrisória, diante de tudo que a mineração representa". 

Ambas, moradoras da localidade de Palmas, no interior de Bagé, também afirmam que esperam que, com a tragédia, as autoridades reflitam "fortemente no custo ao país e aos brasileiros desse malfadado pretenso desenvolvimento, e que endureça severamente as regras de licenciamento, ao invés de afrouxá-las; coloque pessoas íntegras nos órgãos de fiscalização e liberação de licenças", apontam. 

Elas afirmaram que, inclusive, solicitaram audiência com o governador, para expor os motivos de oposição ao projeto Caçapava do Sul. "Nossa expectativa é que o governador Eduardo Leite, como oriundo de um município pertencente à Bacia do Rio Camaquã, bem como por ter uma grande votação nos 28 municípios da bacia, certamente por representar a opção daqueles que acreditam no desenvolvimento sustentável e voltado para a vocação natural do RS, tenha um maior comprometimento com o Estado", frisaram. 

Sem descarte de rejeitos, garante empresa 
A Nexa Resources, por meio de seu site, divulga que não haverá nenhum descarte de rejeitos no rio Camaquã ou em qualquer outro curso d’água. Conforme a empresa, o Caçapava do Sul será o primeiro do país, sem a utilização de barragens para rejeitos ou água. "O projeto prevê um sistema de drenagem das áreas industriais em circuito fechado, conectado a um sistema de tratamento e recirculação, com reaproveitamento das águas", declara a Nexa Resources. Sobre a questão de o rio ficar assoreado, a Nexa Resources indica que a captação de água no rio Camaquã será de apenas 0,05% da sua vazão média. "Nos períodos de seca, essa captação será de somente 0,8% da vazão mínima. O projeto irá captar água da chuva e reaproveitar 100% da água utilizada em sua operação. Toda a disposição de rejeitos será em pilhas, sem utilização de barragens", garante o empreendimento. 

Prazo para responder sobre projeto 
Atualmente, corre o prazo dado, pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (Fepam), para que a Nexa Resources prestasse todas as informações referentes ao projeto de mineração, que a empresa pretende desenvolver na região de Caçapava do Sul. Esse é o segundo pedido de dilatamento de prazo. O primeiro encerrou em agosto, quando a empresa conquistou mais 120 dias para repassar todas as informações acerca de questionamentos gerados em audiências públicas realizadas em novembro de 2016, em cidades como Bagé, Pinheiro Machado e Santana da Boa Vista.

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