Primeiro vieram os vinhos, depois as florestas de eucalipto e acácia, em seguida a olivicultura e em breve, Pinheiro Machado deve começar a ver ser erguida a fábrica de pellets da Pellco, um investimento que deve colocar de uma vez por todas o município no mapa das exportações. Apesar de enfrentar uma crise financeira, em virtude da escassez de repasses de verbas públicas, o prefeito José Antônio Duarte Rosa (PDT) é um otimista e tem seu olhar voltado para o futuro, vislumbrando dias melhores quando todos esses empreendimentos estiverem em pleno funcionamento.
A terra da ovelha e da fábrica de cimento aos poucos se transforma na terra dos vinhos, das oliveiras e dos derivados de madeira. Os olhares começaram a se voltar para o município, no final dos anos 90, quando a limitação de terras disponíveis na região da Serra para a produção de uvas viníferas, que além de se tornarem muito caras e de difícil mecanização, levaram os vitivinicultores a buscarem outras regiões. A indicação de pesquisa apontou Pinheiro Machado como o melhor em clima e solo, pela sua localização no paralelo 31º, ideal para a produção de vinhos finos.
Hoje são mais de 70 hectares dedicados à vitivinicultura e dois empreendimentos, entre eles, a Vinícola Terrasul, de Flores da Cunha e outro em fase de implantação, segundo o prefeito. “O que está acontecendo é uma transformação, uma mudança bem intensa da matriz produtiva do município”, ressalta.
Onde antes se viam pastagens com gado e ovelhas, se estabeleceram as florestas, que atualmente somam 20 mil hectares de eucalipto e outros 4 a 5 mil hectares de acácia. A olivicultura também já tem seu espaço consolidado com aproximadamente 700 hectares de oliveiras plantadas, em torno de 100 hectares em plena produção, de dois grandes empreendedores e que têm como destinação final a produção de azeites. Os empreendedores começam a processar neste ano o azeite de outros municípios, como Hulha Negra, Candiota e Encruzilhada do Sul.
Segundo o prefeito, abre-se agora a perspectiva ao plantio de oliveiras de mesa, o que deve envolver também o pequeno produtor. Outra cultura que se estabeleceu no município é a soja que já ocupa em torno de cinco mil hectares com lavouras e tem perspectiva de crescimento. “Muitos produtores vieram do Norte do Estado atraídos pelas terras mais baratas e solos muito férteis”, diz o prefeito.
A ovinocultura, que sempre foi o carro-chefe do município, apesar da diminuição da quantidade de rebanhos, se qualificou. “A prova disso desfila todos os anos, no mês de janeiro, durante a Feovelha, exposição que apresenta genética da melhor qualidade e excelentes rebanhos”, salienta.
Ele aponta como um indicativo de que a ovinocultura ainda é um bom negócio com a valorização no mercado das lãs finas e a base dos rebanhos da região. “A lã está valorizada e o quilo é vendido até R$ 38,00 e por se tratar de uma fibra natural volta a ter sua importância”, diz. Outro diferencial é a carne ovina, cuja produção deve ser pensada de forma mais intensiva e controlada, diz o prefeito, que é um apaixonado pela atividade.
Mas a grande aposta do chefe do executivo é mesmo a instalação da Pellco, fábrica que irá produzir pellets, um biocombustível sólido que usa como matéria-prima resíduos de biomassa vegetal. A empresa está constituída com aporte de 400 milhões de dólares e licença prévia para a construção da fábrica, que segundo o prefeito, deve começar na virada do semestre.
A produção inicial deve ser de 900 mil toneladas de peletts por ano e ao final do projeto deve chegar a 1,8 milhão de toneladas por ano, com o corte de cinco mil hectares de floresta. A planta industrial terá produção própria de energia, com a implantação de central termelétrica para produção de 50 megawatts (MW)/hora.
Uma área de 137 hectares foi adquirida pelos investidores para a instalação da indústria, localizada ao lado da Fábrica de Cimentos da Votorantim, pela BR-293, em Pinheiro Machado. Entre os principais argumentos para a localização está a estrada de ferro, que passa praticamente dentro da propriedade e servirá ao transporte até o porto de Rio Grande para exportação.
Esta região recebeu altos investimentos em épocas passadas, em função da fábrica de cimento, que reduziu suas atividades a partir de 2017, e agora volta a receber atenção especial do Executivo, que antevê uma nova fase de crescimento devido à nova fábrica. A estrutura com escola, posto de saúde, boas estradas está em compasso de espera e muito bem preparada pelo Executivo.
Os recursos substanciais gerado pela fábrica deixou de entrar e a solução foi buscar uma forma de melhorar a arrecadação própria do município. A saída veio na forma de reajuste dos índices de cobrança de impostos como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e taxas de serviço como o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e Imposto Sobre Serviço (ISS) de banco, que aumentou de 3% para 5%. “A aprovação pela Câmara veio no final do ano passado e o resultado começa a ser notado neste ano”, diz o prefeito.
“Não temos grandes obras a serem feitas, então procuramos melhorar as estruturas existentes como os postos de saúde, escolas, hospital, entre outros”, afirma. Segundo Rosa, no que diz respeito a obras, tem dado ênfase à questão das estradas, com atenção especial às vias de acesso às propriedades, especialmente na época da colheita. “Este ano nenhum produtor ficou desassistido”, garante.
Redator: Tradição Regional
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