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sábado, 2 de maio de 2020

Reflexos da estiagem são piores do que o Covid-19 em Pinheiro Machado

Para os quase 13 mil habitantes do pequeno município da Serra do Sudeste, o Covid-19 ainda é apenas uma ameaça. “Felizmente”, diz o prefeito José Antônio Duarte Rosa (PDT), que tem seus olhos voltados para soluções à crise financeira cada vez mais acentuada, desta vez agravada pela estiagem que frustrou as safras de vários municípios da Zona Sul, inclusive Pinheiro Machado. 

As perdas no Produto Interno Bruto (PIB) do município devem chegar a R$ 15 milhões, estima o prefeito que teve seu decreto de emergência homologado pelo Estado e União, mas nenhuma ajuda financeira até agora. “Toda a ajuda que recebemos foram 35 cestas básicas através da Defesa Civil”, lamenta. 

Segundo o prefeito, o setor madeireiro, um dos mais importantes no município e que não parou em nenhum momento, é o que está ajudando a manter empregos e circulação de recursos. “A extração da madeira, corte, transporte movimentam muitas pessoas”, salienta o prefeito que torce pela volta à normalidade no menor tempo possível. 

Conforme Rosa, com comércio e serviços paralisados, o município também deixa de arrecadar e, uma das principais dificuldades da prefeitura, que é o pagamento em dia da folha de servidores, que estava praticamente equilibrado, com apenas 20 dias de atraso, volta a ser um problema. 

Além disso, mesmo sem casos de Covid-19, foi montado um Comitê de Crise que mobiliza enfermeiros e agentes da vigilância sanitária no atendimento a possíveis suspeitos que vão surgindo. Todos são identificados e monitorados em casa e, se necessário, internados no hospital local para observação. 

O toque de recolher ocorre de forma branda e foi decretado inicialmente por 15 dias, com o fechamento do comércio e liberação para funcionar apenas serviços essenciais, como farmácias e postos de gasolina e do ramo alimentício, como supermercados. 

Passados os 15 dias, a abertura foi flexibilizada e permitida às pequenas indústrias e varejo como autopeças. Numa terceira etapa, a flexibilização se estendeu também ao comércio varejista, mas observados os critérios do plano de contingência. “Todos os cuidados devem ser tomados”, diz. 

Ainda não estão funcionando, de acordo com o prefeito, os templos religiosos, que realizam seus cultos através de lives, pois não podem ficar mais de cinco pessoas por templo. Para solucionar a falta de aulas, pois as escolas também permanecem fechadas, a direção, juntamente com os professores, elabora material didático e distribui aos alunos para fazerem em casa. “É uma tentativa para os alunos não perderem o ano, pois estes materiais, que serão corrigidos pelos professores, serão avaliados e contarão como hora/aula”, explica o prefeito. 

A decisão foi tomada após a liberação pela Secretaria Estadual de Educação e Governo Federal da exigência dos 200 dias letivos, transformados em 800 horas/aula. “É uma decisão importante especialmente para os alunos que estão encerrando o ensino fundamental”, ressalta. 

Com as medidas de proteção à comunidade devidamente implementadas, a angústia do prefeito se volta a atender as famílias atingidas pela estiagem. A falta d’água para os animais e em muitos locais até para consumo humano vem sendo atacada com a distribuição de água potável a alguns produtores. 

Em propriedades onde ainda é possível, foram construídos bebedouros, no total de 250, e em outras, aprofundadas cacimbas, em torno de 40 propriedades, com recursos da prefeitura. O prefeito espera que após este somatório de acontecimentos negativos que tornaram ainda mais complicada a vida dos municípios, os governantes, especialmente a União, reveja a distribuição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), pois os governos federal e estadual ficam com a maior fatia de um dos principais impostos do município, que é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “É chegado o momento de rever o pacto federativo para que a vida nos municípios possa voltar ao normal”, desabafa. 

Segundo ele, o coronavírus paralisou o mundo e deixou em compasso de espera, vários projetos importantes. “Espero que este vírus se transforme num marco, na abertura de novas possibilidades de trabalho e investimentos, pois nossa região é rica, tem futuro e muitas possibilidades, é o momento propício para que fiquemos ainda mais fortalecidos”, finaliza.

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