A última etapa do estudo epidemiológico da covid-19 no Rio Grande do Sul (Epicovid-RS), pesquisa do governo do Estado, coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), apontou desaceleração no ritmo de crescimento da prevalência de coronavírus no Rio Grande do Sul.
Os resultados foram divulgados pela coordenadora do Comitê de Dados, Leany Lemos, e pelo reitor da UFPel, Pedro Hallal, por meio de transmissão ao vivo, ontem. Em síntese, a oitava etapa da pesquisa estima que a proporção de pessoas com anticorpos para a covid-19 é de 1,38% no Estado (de 1,06% a 1,76%, pela margem de erro), o que corresponde a um total de 156 753 (variação de 120 362 a 200 559) pessoas que têm ou já tiveram coronavírus na população gaúcha.
A proporção é de um caso real de infecção por coronavírus a cada 72 habitantes.
"Com a evolução dos estudos sobre o coronavírus, pudemos interpretar de outra forma esse resultado. Antes, tínhamos a sensação de que essa testagem captaria as pessoas que foram expostas ao vírus em qualquer momento. A ciência descobriu que os anticorpos não duram tanto assim em uma intensidade capaz de ser detectada pelo teste. Na prática, uma pessoa que foi exposta em março ou abril pode dar resultado negativo, porque a quantidade de anticorpos não é suficiente para aparecer no teste. É um resultado novo da literatura. Não vemos mais como o total de pessoas que teve exposição ao vírus, e sim como o total de pessoas que teve exposição recente ou grave o suficiente para manter anticorpos detectáveis até hoje", detalhou o reitor.
Na testagem anterior, havia um caso positivo a cada 55 gaúchos. Na sexta etapa, um caso positivo a cada 104 gaúchos. Na quinta, havia um caso positivo a cada 214 pessoas; na quarta, um a cada 562 pessoas; na terceira, um a cada 454 pessoas; na segunda, um a cada 769; e na rodada inicial, um a cada dois mil.
Os resultados, segundo elucidou o reitor, apontam crescimento menor da proporção de casos em relação ao registrado entre as fases anteriores de coleta de dados. A prevalência estimada pela pesquisa saltou de 0,47%, em junho, para 0,96%, em julho, atingiu 1,22%, em agosto, e teve o menor aumento relativo registrado na etapa realizada neste final de semana, com percentual de 1,38%.
"Temos uma desaceleração da pandemia, que continua avançando no Estado, mas em um ritmo menor do que enxergamos em outro momento, especialmente durante o mês de julho. A pesquisa também reflete o que vemos nos nossos boletins diários, o que é bom porque mostra que temos várias maneiras de aferição da evolução da pandemia", acrescentou Leany Lemos.
Para a coleta dos dados, profissionais da área da saúde realizaram 4,5 mil entrevistas e testes rápidos para o coronavírus, entre os dias 4 e 7 de setembro, em nove cidades (Pelotas, Porto Alegre, Canoas, Santa Maria, Uruguaiana, Santa Cruz do Sul, Ijuí, Passo Fundo e Caxias do Sul).
Para o reitor, os resultados da oitava etapa reforçam que a ampliação da testagem no Estado reduziu a quantidade de casos não notificados pelas estatísticas oficiais. Para cada caso real de infecção, a pesquisa estima que exista 1,1 não registrados oficialmente.
"Podemos dizer com tranquilidade que o Rio Grande do Sul é o lugar que mais tem acompanhamento epidemiológico do coronavírus em todo o mundo. A prevalência no Estado já passou de 1%, estamos em 1,4%, e recomendamos a ampliação da testagem, com busca ativa das pessoas positivas", pontuou o reitor.
A oitava etapa do Epicovid19-RS é a quarta e última da segunda fase de aplicação de testes rápidos que estabeleceu um intervalo maior entre uma rodada e outra. A pesquisa seguiu com a mesma metodologia das etapas anteriores. O resultado da sétima etapa, realizada entre os dias 15 a 17 de agosto, foi divulgado em 20 de agosto.
O governo do Estado – por meio das secretarias de Planejamento, Governança e Gestão e da Saúde – está em tratativas para que a pesquisa seja renovada para pelo menos mais duas fases.
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