A Guerra de Cacimbinhas - 18 de setembro, Águas do Guaíba, Fim de viagem - DiCacimbinhas

ÚLTIMAS

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

A Guerra de Cacimbinhas - 18 de setembro, Águas do Guaíba, Fim de viagem


Da ampla cabine de comando do capitão de fragata Pedro Vieira de Mello Pina, o também comandante Alvim Pessoa vê a aproximação ao cais de Porto Alegre com o alívio que dias e dias de turbulenta viagem fazem por merecer. 

Representante do presidente Wenceslau Braz nas cerimônias fúnebres iniciadas com o traslado do corpo para o Rio Grande do Sul no Encouraçado Deodoro, ele relembra com o colega e o deputado Ângelo Pinheiro Machado, irmão do senador, as manobras na baía da Guanabara até fazer-se ao mar, e a aflição da saída de Anhatomirim, nas proximidades da Ilha de Santa Catarina, quando uma vigorosa cerração obrigou-o a navegar em baixíssima velocidade e a atrasar a chegada ao porto de Rio Grande – de onde o cortejo seguiria para Porto Alegre, já então no vapor Javary. 

– Sem falar no vento sudoeste que enfrentamos entre o farol de Mostardas e a barra de Rio Grande – recorda Alvim Pessoa. 

– É verdade, essa tempestade fez com que somente às sete e meia da noite pudéssemos avistar o farol da barra – confirma Mello Pina. 

Sob a admiração discreta de Ângelo Pinheiro Machado, os dois comandantes conversam sobre o Deodoro, construído em Toulon, na França, em 1895, por encomenda do governo do marechal Floriano Peixoto. 

– O Deodoro tem uma artilharia composta de vinte e quatro canhões de 0,24, quatro de 0,12, quatro de salvas de 00,57, e três torres – vai informando Mello Pina. 

– Seu calado é de 3 ½ pés e 280 homens compõem sua tripulação. Desloca 4,5 mil toneladas, à velocidade de 12 milhas por hora, com bom tempo. Aproveitando a interlocução privilegiada, Mello Pina busca fazer justiça apresentando ao representante presidencial os componentes de sua oficialidade:  
– Imediato capitão de corveta Benjamin Goulart, encarregado de artilharia; capitão-tenente Esculapio César de Paiva, a quem está confiado o serviço de navegação; primeiros tenentes Alfredo Sinay, Amaury Sadock de Freitas, Antão Barata, Valentim Dunham Filho, Raul Lobato Ayres e Nelson Noronha de Carvalho; chefe de máquinas, capitão de fragata José Gomes de Paiva; primeiros tenentes engenheiros maquinistas Lindolpho Rasteiro, José Alexandre de Menezes, José Veiga, e Seabra Muniz; comissário, capitão-tenente Somerico Eugenio Ferreira Guimarães; médico, capitão-tenente Julio Pires Porto Carrero.      

SOBRE O AUTOR  
Luiz Antônio Nikão Duarte (Porto Alegre, 1953) é formado pela PUCRS (graduação/1977, especialização, 1982 e doutorado/2012), ESPM (MBA/2002) e UFRGS (mestrado/2007). 

Exerce o Jornalismo desde 1975, com passagens pelos grupos DiárioS e Emissoras Associados, Caldas Júnior, Jaime Câmara, RBS, O Estado de S. Paulo, Sistema Jornal do Brasil; pelos Governo Federal e do Rio Grande do Sul; e ainda pelo Congresso Nacional, pela Associação Nacional de Jornais, pela Federação das Indústrias (FIERGS) e pela PUCRS. 

Professor (UnB e Uniceub, na década de 1990 e da Unisinos, na atualidade). Participou da antologia Contos de Oficina 21 (Porto Alegre: Edipuc, 1998) e escreveu os livros Redação em RP (São Leopoldo: Unisinos, 2012) e A guerra de Cacimbinhas (Porto Alegre: ComEfeito, 2015).

Clique aqui para acompanhar o livro A GUERRA DE CACIMBINHAS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar.
Lembre-se que o comentário passa por análise do editor do Blog.

Informo que comentários ofensivos não serão publicados, principalmente os anônimos.
Para garantir que seu comentário seja aprovado, uma boa dica é se identificar.