Instalação de fábrica de pellets deverá incrementar economia da Metade Sul - DiCacimbinhas

ÚLTIMAS

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Instalação de fábrica de pellets deverá incrementar economia da Metade Sul

Escrito por Marcelo Pimenta e Silva

A Metade Sul do Rio Grande do Sul deverá, nos próximos anos, sediar um empreendimento com orçamento previsto de R$ 1 bilhão para a sua construção. O investimento de grandes proporções colocará o município de Pinheiro Machado como sede da maior fábrica de produção de pellets (resíduos de madeira utilizados para gerar energia a partir de sua biomassa) do mundo. Além dos impactos econômicos para o município, bem como para a própria Metade Sul, visto a geração de empregos, o empreendimento também se torna um instrumento estratégico para o passivo florestal na região. 

Essa é a expectativa da Pellco Brasil e do Fundo Castlepines, empresa europeia, cuja sede está baseada em Londres, e que é o maior investidor do projeto. O empreendimento terá como objetivo a fabricação de pellets em madeira e a cogeração de eletricidade a partir de biomassa (toras moídas, cascas/galhos e feixes de árvores e casca de arroz). A projeção é de que a fábrica, quando em atividade, tenha uma capacidade mensal de produção de 75 mil toneladas de pellets e cogeração de 50 MW de energia elétrica. 

Conforme divulgado em julho, quando foi oficializada a Licença Ambiental Prévia, a área em que será construída a usina, já foi adquirida pela Pellco Brasil, com um tamanho de 138 hectares. A produção do pellet será oriunda de cerca de 85 mil hectares de florestas plantadas que representam o passivo da Votorantim. A área em que será construída a fábrica fica próxima à Vila Umbus. O pellet deve ser exportado para países, como Japão e Estados Unidos, além de nações nórdicas para ser queimado em caldeiras de usinas. A construção da fábrica deverá demorar dois anos para, após, entrar em operação. Em setembro de 2017, representantes da Castlepines, incluindo o presidente da empresa, David Grose, estiveram em Pinheiro Machado, oficializando o apoio para a realização do empreendimento. 

Batalha ressalta potencial de empreendimento 
Um dos idealizadores do projeto é o empresário paulista Luiz Eduardo Batalha, que já investe em culturas, como, por exemplo, a da oliveira na região de Pinheiro Machado. Segundo o empresário, a iniciativa já é trabalhada há algum tempo para sair do papel e tem como meta gerar cerca de 1,5 mil empregos diretos na fase de construção e mais 1,2 mil para o funcionamento da indústria. Batalha, em ato da oficialização da Licença Ambiental do empreendimento destacou: 

“Temos 45 anos de agronegócio, somos uma empresa que se mantém com um trabalho de qualidade e coragem. Ninguém pode competir com a gente no campo florestal, temos gente de competência que sabe muito sobre madeira. E, para se ter uma ideia, o pellet é uma energia limpa e renovável, que pode limpar a poluição que cinco bilhões de toneladas de carvão dissipam no mundo por ano. De pellets, apenas 27 milhões de toneladas são produzidos atualmente. Então, vamos partir tranquilamente em um mercado que vai fazer com que puxe toda essa sujeira. A gente tem muito a crescer, agradecemos a oportunidade de investir no Rio Grande do Sul”, afirmou em julho. 

Fundo destaca importância de investimento 
Em entrevista exclusiva ao Folha do Sul, o representante na América do Sul da Castlepines, Fábio Yamada, explicou que o fundo de investimentos, desde a sua fundação há 40 anos, sempre investiu recursos próprios e de fundos de pensões internacionais em empreendimentos sólidos, de longo prazo e com baixo risco, mas que principalmente busquem gerar benefícios, não somente aos proprietários e investidores do projeto, como para a comunidade em torno dela. 

"O modelo de negócios do Castlepines, difere muito do modelo usado por fundos de Private Equity, pois ele visa à permanência dos acionistas por períodos acima de 15 anos e a escolha seletiva de empresas de classe mundial como parceiros estratégicos – isso acaba se refletindo positivamente na comunidade ao redor do projeto, pois assegura que a região possa ter os recursos para investir em educação, saúde e bem-estar", apontou Yamada. 

Conforme o representante do Fundo Castlepines, a Pellco, ciente dos requisitos exigidos pelo fundo de investimentos britânico, selecionou criteriosamente as empresas que fornecerão a tecnologia, os equipamentos e a matéria-prima para a produção de pellets, para se assegurar de que os compromissos assumidos no longo prazo serão cumpridos. 

"Para o Castlepines, investir neste projeto de muita relevância na região, abre portas para a atração de outros projetos de longo prazo. Como os recursos são oriundos de fundos de pensões internacionais, liquidez de recursos não é um problema para o Castlepines", acrescentou o representante da empresa. 

Perguntado de como surgiu a parceria entre a empresa brasileira e o fundo de investimentos, Fábio Yamada relatou que há alguns anos estão sendo feitos contatos para que pudessem ser afinadas as necessidades do projeto com os requisitos do Castlepines. 

"O Castlepines fica contente em poder contribuir para a redução do aquecimento global, ao proporcionar recursos para a substituição do carvão mineral por pellets feitos de madeira de reflorestamento", afirmou. 

Agilidade na obtenção de licença 
O empreendimento, que é divulgado como o da maior fábrica mundial de pellets a ser construída, já está com a licença prévia, com destaque para a rapidez de sua aprovação pelo órgão ambiental do Estado. Com apenas cinco meses de espera para a aprovação, o projeto foi contemplado pela informatização do processo, agora efetuado por meio de portarias digitais. 

O aceleramento no trâmite desses processos, conforme o governo do Estado, se deu com a criação do Sistema Online de Licenciamento (SOL). Esse sistema, segundo a Fepam, fez com que o tempo médio para a emissão de uma licença ambiental caísse de 909 dias, em 2014, para cerca de 40 dias, atualmente. O estoque de processos pendentes na Fepam foi reduzido de 12 mil para 3,5 mil. Também foi viabilizado pelo Executivo estadual, o Sistema de Outorga de Água do RS (SIOUT), que busca regularizar os usuários de água de forma simples e rápida, já que o modelo é autodeclaratório e elimina burocracia, como atestou o governo do Estado. 

Segundo o biólogo e consultor ambiental da Sigeplan, empresa responsável pela elaboração do projeto de licenciamento ambiental da indústria de pellets, Giliandro da Silva, esse método de informatização do licenciamento ambiental do Estado trouxe avanços consideráveis para novos empreendimentos. 

"Após a implantação do SOL, a tramitação dos processos ganhou transparência e agilidade, uma vez que o empreendedor tem acesso quase que de imediato aos ofícios emitidos pelo órgão ambiental e tem a possibilidade de responder aos mesmos de maneira mais rápida e eficiente", enfatiza da Silva. 

Segundo ele, todo o projeto que seja bem elaborado e com estudos ambientais de qualidade tende a ter a tramitação do processo de licenciamento relativamente rápido. "Este é o caso da Pellco, que além de sua importância socioeconômica para a região, tem se mostrado preocupada com as questões ambientais, realizando cuidadosamente os estudos ambientais solicitados e obedecendo irrestritamente a legislação ambiental vigente. Um empreendimento bem projetado e com estudos ambientais de qualidade faz toda a diferença na hora de obter as licenças ambientais", conclui o biólogo e consultor ambiental. 

O processo para licenciamento, que deu entrada na Fepam no dia 31 de janeiro de 2018, foi analisado no Relatório Ambiental Simplificado seguindo as premissas da Resolução Conama 279/2001, para empreendimentos de geração termoelétrica com impacto ambiental de pequeno porte, divulgou o governo do Estado. 

Setor madeireiro saúda iniciativa 
A demanda de países estrangeiros por pellets de madeira para geração de energia já foi destaque em reportagens anteriores do jornal Folha do Sul. Com os atuais acordos ambientais assinados no Exterior, tornou-se necessária a busca por novas fontes de geração de energia. A maior área com árvores plantadas no Rio Grande do Sul está na Metade Sul gaúcha. Dos cerca de 700 mil hectares do Rio Grande do Sul, em torno de 450 mil estão no Sul do Estado. 

Dessa forma, o setor florestal tem sua importância para a economia gaúcha. O diretor-executivo do Sindimadeira, Moacir Bueno da Silva, destaca que o projeto da Pellco Brasil é uma iniciativa muito importante para a cidade, região e o Rio Grande do Sul, que vai gerar emprego, renda e negócios para a cadeia produtiva da madeira. 

"Com certeza, um projeto desta envergadura vai estimular um maior plantio e um desenvolvimento na região, tendo o silvicultor mais uma opção de utilização de sua propriedade, gerando mais emprego e renda", avaliou acerca dos impactos que retornarão para o próprio segmento da madeira.

Prefeito avalia impactos para desenvolvimento de cidade 
A instalação da fábrica também foi comemorada pelo prefeito de Pinheiro Machado, José Antônio Duarte da Rosa, que frisou que o investimento trará para o município e região as alternativas necessárias para o desenvolvimento econômico e social. Ou seja, geração de renda para toda a cadeia produtiva de madeira e, para os municípios, aumento de arrecadação de impostos. 

"A instalação em Pinheiro Machado deve-se às condições de logística, estando o município no centro do maciço florestal a ser utilizado como matéria-prima, além de uma rodovia, a BR passando ao lado, também uma ferrovia cortando a propriedade onde se instalará. Também pelo fato que o empresário Luiz Eduardo Batalha, idealizador do projeto, já estar investindo em nosso município há vários anos, de quem nos orgulhamos muito pelo fato de ter escolhido a região especificamente, nossa terra", enfatizou o chefe do Executivo pinheirense. 

Rosa afirmou ainda ser evidente que, a curto prazo, um investimento dessa magnitude trará algumas dificuldades no que diz respeito à estruturação e organização da cidade. 

"Porém, só pelo fato de empregar pessoas, aumentando a geração de ISSQN, já causa efeitos positivos. Estamos trabalhando no sentido de elaborar um plano para enfrentar essas primeiras dificuldades de estruturação. A médio prazo, na fase de implantação, é preciso que a comunidade pinheirense e da nossa região procure se qualificar para atender e participar de toda rede de serviços necessários à implantação e operacionalização da empresa em todos os setores de produção. A longo prazo, esperamos que a transformação causada pelo grandioso investimento, traga-nos um futuro muito melhor para nosso município e gerações futuras", concluiu José Antônio Duarte da Rosa.

http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2018/12/29/instalacao-de-fabrica-de-pellets-devera-incrementar-economia-da-metade-sul-

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar.
Lembre-se que o comentário passa por análise do editor do Blog.

Informo que comentários ofensivos não serão publicados, principalmente os anônimos.
Para garantir que seu comentário seja aprovado, uma boa dica é se identificar.